Rinus Michels: o homem que inventou o futebol moderno
A frase acima seria a que mais justamente poderia descrever de uma forma simplista o contributo que o “General de Ferro”, como era conhecido, deu ao futebol mundial; mas de tão simplista que é deixa muito por dizer, sendo que o único documento que alguma vez poderá fazer justiça ao técnico holandês são os vídeos das caminhadas da Laranja Mecânica no Mundial de 74’ e no Europeu de 88’.
Como jogador, Michels foi um excelente avançado que actuou somente no Ajax, pelo qual se estreou a 9 de Junho de 1946 frente ao ADO Den Haag, numa partida que os “lanceiros” venceram por 8-3, sendo 5 desses golos da autoria de Michels. Durante os 14 anos que passou como jogador no De Meer (abandonou a carreira em 1958), Rinus Michels actuou em 257 partidas para Liga Holandesa, nas quais marcou 120 golos.
Em 1965 Rinus Michels tornou-se no primeiro treinador holandês a orientar a equipa principal do Ajax com a tarefa de salvar o clube o clube da descida de divisão, objectivo que cumpriu. Com Michels no comando, e com um leque de jogadores onde despontava Cruyff, o Ajax viveu a sua época mais áurea conquistando os títulos holandeses de 66, 67, 68 e 70, ao qual juntou o triunfo na Taça dos Campeões Europeus em 71 frente ao Panathinaikos. Em 71 Michels rumou à Catalunha com a função de guiar ao título o Barcelona, o que viria a conseguir em 1974 contando na equipa com Johan Cruyff.
Foi precisamente em 74 que a Real Federação Holandesa de Futebol chamou Rinus Michels aos comandos da selecção laranja, que apenas tinha obtido a qualificação para o Mundial desse ano à custa de um golo mal anulado à sua vizinha Bélgica no jogo de qualificação. Com Michels no banco a Laranja Mecânica caminhou triunfalmente até à final onde caiu perante a selecção anfitriã da República Federal da Alemanha onde pontificava o Kaiser Franz Beckenbauer. Michels voltou ao local do crime, o Estádio Olímpico de Munique, em 1988 onde veria a sua Holanda sagrar-se campeã europeia sob a batuta de jogadores como Ronald Koeman, Frank Rijkaard, Ruud Gullit e o Bailarino Voador, Marco Van Basten.
Michels abandonou a carreira de treinador em 1992 após a eliminação da Holanda nas grandes penalidades frente à Dinamarca no Europeu da Suécia. Michels manteve-se ligado ao futebol nomeadamente como membro, e mais tarde vice-presidente, do Comité para o Desenvolvimento Técnico da UEFA. Em 1999 a FIFA elegeu Rinus Michels como o Treinador do Século.
Mais do que os títulos, a carreira de Rinus Michels ficou marcado pela qualidade do futebol apresentado pelas suas equipas: o chamado Futebol Total, o futebol levada ao extremo da beleza poética. O onze estruturava-se num 4-3-3 dinâmico onde todos atacavam e todos defendiam, não havia posições fixas já que todos os jogadores circulavam com e sem bola num carrossel mágico que enleava os adversários, hipnotizados pela qualidade técnica e táctica dos jogadores holandeses. A circulação era a chave do sucesso com constantes variações de flanco e passes para trás quando necessário no intuito de criar pontos de ruptura na defesa contrária. Já em 74 a selecção holandesa praticava a hoje em dia tão em voga pressão alta, procurando asfixiar o adversário no seu próprio meio-campo defensivo e obter rapidamente a tão ansiada posse de bola.
Mais do que um estilo de jogo, o Futebol Total de Rinus Michels é uma ideologia que se propagou pelo mundo do futebol e que tem nos seus pupilos de 88 os seus mais directos seguidores actualmente, e da qual Johan Cruyff foi o protótipo tanto como jogador como mais tarde como treinador. A verdade é que Michels, tal como Herbert Chapman ou Gustav Sebes fizeram no seu tempo, marcou uma era do desporto que uma vez disse ser “uma guerra”.
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Há 9 anos
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